O PROJECTO

O PROJECTO
Na Quinta Zen já se praticam diferentes Vias desde os inícios de 2008, mas na sua raíz está um PROJECTO, cuja arquitectura já foi aprovada pela Câmara Municipal de Évora. Veja em detalhe...

19/02/09

A prática de ZaZen II



2. A Postura



“Se alguém te perguntar o que é o verdadeiro Zazen… não necessitas de abrir a boca para explicá-lo. Demonstra todos os aspectos da tua postura em Zazen. Então um vento de primavera soprará e dele eclodirá uma maravilhosa flor de ameixoeira”.

Daichi Sokei, 1290-1266


É fundamental entender os diversos ângulos de uma postura de Zazen, para não obrigar o corpo a adquirir atitudes de imobilidade e rigidez, contrárias à sua fisiologia natural. Na postura coabitam o equilíbrio e a descontracção na verticalidade.


A posição da bacia é preponderante. Convém sentarmo-nos no centro do zafu* sobre os quadris, e de tal forma que a bacia estabilize pelo contacto dos joelhos no solo. A posição das pernas satisfaz ser a de lótus ou semi-lótus. O posicionamento correcto da bacia e uma justa espessura do zafu permitem que a coluna vertebral se dirija para o céu, sem criar tensões vertebrais ou dorsais, e que a cabeça seja naturalmente mantida direita.


Atenção a relaxar bem os ombros, a caixa torácica e o ventre, de modo a respirar livre e facilmente. Os olhos meio cerrados possibilitam que o olhar se repouse no solo diante de si, num ângulo de 45 graus.


O punhos são colocados por cima das coxas, os dedos da mão esquerda sobre os da mão direita, palmas viradas para cima permitindo à ponta dos polegares tocarem-se, em um contacto ligeiro mas firme, “como se segurassem uma folha de papel sem a deixar cair”.
A aresta das mãos (tegatana) permanece em contacto com o abdómen.


Durante a prática de Zazen, a atenção deve manter-se desperta, à escuta de cada detalhe bem como à sua respiração. Assim sendo o espírito absorve-se no corpo e a junção realiza-se.


Os pensamentos cessam de se encadear uns nos outros. Mesmo quando os pensamentos continuam a surgir, tal é a sua natureza, a sua atenção deve manter-se concentrada na postura do corpo, e assim como eles irromperam, desaparecem, sem deixar quaisquer vestígios.

Eis como de uma forma natural e inconsciente, impedimos o desejo íntimo do ego em alcançar imperativamente um objectivo. Permanecemos no instante presente. Apenas e só isso importa.


Cuidado, pois na verdade é-nos impossível observar a nossa própria postura e torna-se muito simples cairmos no ilusionismo da prática.


Recomenda-se que, sempre que seja praticável não pratique só, e possa recolher em um dojo (o sítio da Via) os pareceres de um outro praticante mais experiente.


* Zafu : almofada redonda, cuja espessura se ajusta conforme a anatomia de cada um.

18/02/09

A prática do ZaZen 1

1. Zazen


Shikantaza : Sentar-se, simplesmente.
Em kanji :


Shikan : significa consagrar-se em exclusivo, ofertar-se unicamente.
Ta : significa o acto de tocar, alcançar, de aflorar.
Za : significa uma boa base, uma eficaz fundação.


Através de uma boa base alcançarmos o espírito puro, original, que existe em cada um de nós mas jaz sob a rotina diária, oculto pelos mil e um pensamentos e tormentas emocionais que sem cessar nos perturbam.


“ Se compreenderdes que o Zazen é a grande porta da Lei, sereis conforme ao dragão furando a água ou o tigre reencontrando a floresta profunda”

Mestre Dogen, século XII.